quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Cotidiano.


Ela abre os olhos lentamente, a cama está tão aconchegante, o barulho dos pássaros cantando, o sol querendo invadir o quarto com os seus raios quentes e ela percebe que é hora de levantar. Alonga seu corpo, se estica na esperança de alçancar o céu como no sonho que acabara de ter, é tudo tão simples pensa ela, e porque insistimos em complicar tudo? Caminha em direção ao banheiro e no meio do caminho vai ficando nua, joga a camisola em cima da cama, algumas roupas jogadas no chão do quarto, tênis e sandálias que criam uma confusão: será uma garota ou uma mulher? Eis a grande dúvida. E ela toma um banho daqueles demorados,a água quente caindo em seu corpo...às vezes melhor que um orgasmo pensa ela. Volta para seu quarto, se olha no espelho, percebe quantas dúvidas ainda tem, pensa um pouco nele, mas logo volta para sua imagem e percebe uma espinha pequenininha no rosto, faz um drama....mas logo percebe o quão bonita é! Coloca uma roupa simples, mas que adora, e sem muito esforço fica sexy, porque ela é sexy sem parecer vulgar, ela encanta, ela é cheia de vida! E antes de sair toma apenas um suco,como sempre está atrasada e corre em direção a felicidade...Anda, corre, persegue, luta, foge mas ela está ali...nunca some. O dia vai passando e essa garota...mulher...dá risadas com os amigos, conversa sobre assuntos importantes, outros, só bobagens, mas de repente ela fica quieta.
Em direção ao banheiro ela vai, mais uma vez se olha no espelho, a angústia parece tomar conta e ela chora,um choro de criança, um silêncio assustador percorre seu corpo, e uma lágrima escorre em direção ao peito. Fecha os olhos, esquece a dor e volta a sua vida. Sai pelas ruas cantando alguma música, homens em sua volta dizem elogios, mas ela nem liga, aprecia mais um vez o sol que está se pondo, o friozinho da noite chegando, as luzes de São Paulo, carros passando...
Chega em casa, faz um carinho em seu cachorro e vai para o quarto, pega uma caixa antiga e sente saudades, tantas saudades, tantas lembranças.
Mas uma história se acabou e ela continua viva, chora mais uma vez e compreende,
agora ela é uma mulher e a esperança sempre renasce em seu coração. Coloca sua camisola, se cobre com aquela manta tão quentinha, satisfaz um pouco seus desejos e dorme. Um sono leve, gostoso, e sonha.
Mais um dia se acabou , esse é o seu cotidiano.

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